Tolerar

19-12-2020

Hoje que dia é? 

Escrevi isto sobre ti e publiquei, tu viste.

Quando estivemos juntos disseste-me que gostaste, quando é que isso parou de acontecer?

Diz-me quando é o teu sorriso passou a ser uma memória remota..?

Foi há um ano nesta exacta época que nos conhecemos, mas tudo está diferente, se não te tivesse enviado aquela mensagem, nada disto acontecera, as nossas vidas seriam paralelas, não havia nenhum efeito borboleta, só paz e invulnerabilidade. 

Eu nunca parei de tentar, a resiliência habitava em mim, nunca deixei de te dar sinais de que ainda me importava. 

Olhava para cada uma das nossas trajetórias, as ruas pelas quais passamos serão sempre nossas, os restaurantes em que comemos serão sempre nossos, o muro onde nos sentamos foi o início de tudo e a cama onde me deitei foi o fim de tudo.

Estou rodeada de memórias nossas, na tua t-shirt branca que tenho na terceira gaveta da minha cómoda, no saca-rolhas na forma de uma prancha laranja que antes estava presa aos teus calções e agora está pendurado no meu organizador de jóias, na fotografia que te tirei quando estavas a trabalhar e agora está cortada em quatro pedaços no caixote de lixo da cozinha.

A minha vida mudou de curso tal como os aviões mudam quando o clima assim o exige e a tua continua à deriva, como um barco num dia de sol a caminhar para o precipício. 

Não consigo evitar tentar, tentar com que tudo dê certo, mas ver-te a tolerar aquilo que faço é doloroso, é por isso que os finais existem. 

A indiferença é a sede do fim. 

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