Evocar

19-12-2020

O nosso primeiro beijo não poderia ter sido mais característico da relação que temos um com um outro, sim tu, acabadinho de sair de algures, impróprio para consumo, paras frente ao portão de casa e ligas para mim, numa manhã em que o propósito seria o mesmo que nas anteriores, escovei os dentes por instinto e não por segundas intenções, queria ver-te e foi por isso que fui ter contigo.

Vesti-me rapidamente, a camisola azul de sempre, umas leggings pretas e as converse que só saem dos pés quando tenho de ir dormir, estava nervosa, ainda não estava habituada à tua presença e sentia que o meu coração batia mais depressa à medida que me aproximava da porta. Quando te vi soube-me bem o abraço que partilhámos, tens este olhar e maneira de falar totalmente diferente quando estás embriagado.

Lembro-me sim, das calças jeans com rasgões à volta do joelho, do casaco cinzento em que meses depois, despejei vinho sem querer, lembro-me também do teu cheiro a álcool e a tabaco que hoje conheço de cor. 

Sei que escrever estas coisas é entregar-me ao facto de estar apaixonada por ti, mas não posso evitar comparar esta manhã à noite em que ligaste para mim, a dizer que ias ter comigo independentemente da minha resposta, estiveste à porta de casa, conseguia ouvir o motor do meu quarto, a pensar que se fosse ter contigo estaria a entregar-me, não que não tenha cedido alguns dias depois... 

Pergunto-me se mereces que passe tanto tempo a divagar nestas lembranças, a evocar o teu nome quando não estás.

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