É errado?
O que queres?
Entrelaçar os dedos e fingir que o amanhã não virá.
É anormal pensar em ti de cada vez que respiro?
Eu sei disso.
É errado imaginar-nos a partilhar segredos só os dois?
Ouves-me atentamente e mesmo assim não percebes o que digo, ignoro-te sem nunca deixar de me importar.
É difícil vaguear pelos teus pensamentos quando os meus dizem o contrário.
É prazeroso cruzar-me no teu caminho e tão difícil evitá-lo.
Perdoas-me por não ter sido sincera antes, que eu perdoo-te por não leres nas entrelinhas e não descobrires a verdade.
Sempre me disseram que sonhar não é proibido, mas então e se estiver a sonhar contigo?
Diz-me que não, diz-me que sim, responde-me às perguntas retóricas, se é assim tão complicado decifrar, ajudo-te com os códigos de acesso, a senha já a tens, usa-a.
É errado passar a vida a tentar esquecer-te?
Dá-me uma razão.
Dá-me um motivo.
Faz alguma coisa.
Só não me deixes no vazio.
Se de relance olho para trás, vejo uma linha, caminha comigo, partiu-se e eu não a vi, vale a pena remendá-la? Será que vou a tempo?
Hoje reparei em ti e tu em mim.
Mas a linha esticou-se demais, ao ponto de se quebrar, levou consigo algumas respostas que me devias dar.
O que faço com as perguntas?
No outro dia puxei a corda e ela veio serenamente, estava a espera de luta, de força bruta, fui ao ataque numa batalha que não existia e restou uma linha vazia, não a quis arrancar porque sabia que ia deixar marca, tal como acontece com a roupa, fica um pedaço de tecido sem remendo...
Arrastá-la por aí, não é uma opção, é vazia mas é tão pesada...
Obrigas-me a escolher, a tapar os buracos, a calar as vozes que me dizem para te procurar, a riscar todas e cada uma das perguntas que alguma vez te fiz.
Enganei-me, quando te vi outra vez, não te queria dizer olá, mas sim adeus, perdoas-me por isso?
CM